Inteligência artificial Poliana: e se tudo der certo?

Coluna de Ronaldo Lemos na Folha de S.Paulo.

publicado em

25 de fevereiro de 2025

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Livro propõe que, ao parar de querer controlar os outros, você percebe que tem muito mais poder do que pensava

A maioria das análises sobre IA (inteligência artificial) foca o lado negativo. Mas e se essa tecnologia for realmente benéfica? E se tudo der certo e, à moda Pangloss, vivermos no melhor mundo possível? Em texto recente, chamado “Machines of Loving Grace“, Dario Amodei faz esse exercício. Amodei é CEO e cofundador da Anthropic, que desenvolve o Claude, concorrente do ChatGPT.

Na visão dele, a IA traz vários fatores benéficos. O primeiro é acelerar a revolução científica. A IA poderia comprimir um século de avanços científicos em uma década. Um exemplo é sua aplicação para análise de proteínas, com o AlphaFold, do Google. Ou ainda, para desenvolver novos medicamentos, prever interações químicas e criar terapias personalizadas.

O impacto aconteceria também na neurociência. Novas interfaces neurais, integradas com IA, poderiam tratar transtornos como depressão, esquizofrenia e distúrbios pós-traumáticos.

Na economia, tudo também pode dar certo, com a IA promovendo crescimento especialmente nas regiões mais pobres. O argumento de Amodei é que a história tem muitos casos em que novas tecnologias estão por trás das ondas de desenvolvimento. A IA poderia otimizar cadeias de suprimentos, melhorar a produtividade agrícola, reduzir desperdícios e tornar infraestruturas mais eficientes.

Na educação, a IA funcionaria como um “tutor” personalizado para o aprendizado, democratizando o acesso ao conhecimento e acelerando a qualificação de mão de obra em países em que o sistema educacional é fraco (alô, Brasil). Outro benefício seria sua capacidade de combater a corrupção ao aumentar a fiscalização e a eficácia dos gastos públicos.

Na versão otimista de Amodei, a IA estabiliza a política. A tecnologia poderia fortalecer a democracia, combatendo a desinformação e melhorando a tomada de decisões. A IA poderia também ajudar a desenvolver políticas públicas baseadas em dados e evidências reais.

No entanto, Amodei alerta para o risco de a IA também poder ser usada como ferramenta de opressão. Sistemas de vigilância massiva e manipulação da informação seriam o avesso de tudo isso. O desafio é garantir que democracias usem a tecnologia para proteger direitos e liberdades, em vez de miná-los.

Até no trabalho o impacto seria positivo. Amodei acredita que, a curto prazo, a IA aumentará a produtividade e criará novas ocupações. A longo prazo, porém, a economia vai precisar de uma nova estrutura, com modelos de renda básica universal e formas de distribuição de riqueza.

Nesse contexto, o significado do trabalho precisará ser repensado. As pessoas terão de encontrar propósito fora dele (algo que o Brasil já faz bem e pode ensinar para o mundo). E será necessário pensar em um mundo onde o trabalho tradicional pode se tornar opcional.

Amodei acredita que a IA pode ser a maior força de progresso da humanidade. Para ele, se conseguirmos guiar a IA no caminho certo, a próxima década trará um salto único, sem precedentes na história.

Assinado: Poliana.

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