As promessas da Web 3.0

Leia a coluna da semana de Ronaldo Lemos para Folha de S. Paulo

publicado em

25 de janeiro de 2022

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Brasil tem chance de ser competitivo globalmente na nova geração de serviços da internet

Para o bem ou para o mal, um dos temas mais falados de tecnologia atualmente é a chamada Web 3.0. O termo significa a nova geração de serviços da internet que serão construídos em cima de tecnologias descentralizadas, como as diversas blockchains existentes. Só lembrando, as blockchains permitem a existência das moedas virtuais, que não são propriedade de nenhuma empresa específica.

A ideia é que, se é possível criar moedas descentralizadas, é possível também criar outros serviços descentralizados, tais como aplicativos de entrega de comida, transporte e música, games, fintechs, redes sociais, identidades digitais, streaming e assim por diante.

Essas aplicações não pertenceriam a nenhuma empresa especificamente, mas seriam operadas por meio de contratos inteligentes autônomos que se autoexecutariam, distribuindo dinheiro automaticamente na medida em que as tarefas são executadas. Seria uma espécie de “internet dos serviços”, em que serviços estariam programados na própria rede, em vez de serem intermediados por uma empresa.

As críticas à Web 3.0 têm sido também violentas. O professor da NYU Scott Galloway escreveu um artigo afirmando que a promessa de descentralização não acontecerá. Na visão dele, novos intermediários vão surgir, gerando de novo um movimento de recentralização. Concentração e desigualdade permaneceriam. Para outros, a Web 3.0 seria só uma jogada de marketing para inflar expectativas sobre os mercados de blockchain.

Seja o que for, para um país como o Brasil, é preciso pensar friamente sobre o que queremos da Web 3.0. Se o modelo for para a frente mesmo, o país pode ter uma oportunidade de participar de um movimento de inovação desde o surgimento da sua infraestrutura básica.

O Brasil tem mais chance de ser competitivo globalmente na Web 3.0 do que no chamado metaverso. Por exemplo, o país possui projetos de blockchain estruturantes como a Hathor (criada no Instituto Militar de Engenharia) e também linguagens de programação poderosas inventadas aqui, como a Lua (desenvolvida na PUC-Rio), que podem criar ecossistemas globais de serviços da Web 3.0.

Já o metaverso é uma inovação que acontece no topo de uma série de camadas que já estão com jogo definido. Para que o metaverso funcione, é preciso, por exemplo, conectividade global de alta velocidade, servidores capazes de rodar e armazenar dados e, também, milhões de linhas de código que na sua grande maioria são “proprietárias”, isto é, precisam de permissão dos donos para serem usadas.

Dificilmente o metaverso será rodado em servidores brasileiros e dificilmente o país terá acesso viável economicamente às linhas de código necessárias para criar aplicações globais competitivas. A Microsoft, por exemplo, acaba de pagar US$ 75 bilhões (R$ 414 bilhões) pela empresa de games Activision, justamente para ter acesso aos códigos e outros bens intelectuais da companhia.

Na Web 3.0, esse jogo não está jogado. Aplicações criadas em plataformas brasileiras podem sim ganhar escala global. Por isso, precisamos de um planejamento como país do que queremos da Web 3.0. A alternativa de não fazer nada tem resultado conhecido: o país continuar como consumidor e não como produtor de inovação.

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