Carne vegetal e o futuro do agro

Leia a coluna da semana de Ronaldo Lemos para Folha de S.Paulo

publicado em

18 de maio de 2022

categorias

{{ its_tabs[single_menu_active] }}

tema

China, parceiro comercial do agronegócio brasileiro, quer aumentar sua independência alimentar

Se existe uma área em que o Brasil é claramente competitivo globalmente é o agronegócio. No entanto, seria irresponsável acreditar que o sucesso econômico atual do agro brasileiro vai durar para sempre. Mudanças geopolíticas, tecnológicas, de inovação e preferência do consumidor ameaçam a aposta que o Brasil faz no setor.

Primeiro, vale lembrar que o sucesso do agro acontece em correlação direta com a ascensão econômica da China. Em 1980 a China importava 16,4% da soja que consumia. Em 2020 esse volume chegou a 84,1% de acordo com dados da FAO. Não é pouca coisa. A China precisa alimentar hoje 18% da população mundial, mas possui apenas 6,5% das terras aráveis. O Brasil aproveitou essa oportunidade para se estabelecer como fornecedor, aplacando parte dessa demanda.

No entanto, desde 2021 o tema da independência alimentar vem crescendo rapidamente na China. Nesse sentido, o plano quinquenal lançado em 2021 é leitura obrigatória para todo o setor de agro brasileiro.

Além disso, afirmou que a China precisa “obter calorias e proteínas a partir de plantas”. Essa frase sinaliza em direção ao mercado crescente de proteínas vegetais e de “carne” feita a partir de plantas.

A projeção do Good Food Institute (GFI) é de que a demanda por proteína de plantas será crescente ao longo da década, chegando anualmente à necessidade de produzir 30 milhões de toneladas métricas até 2030. De acordo com o mesmo instituto, esse setor hoje tem mais demanda do que a oferta é capaz de suprir.

Olhando para os preços, é uma área em que a China poderá ser competitiva. Um quilo de concentrado proteico feito a partir de plantas custa hoje naquele país de US$ 2,5 a US$ 5,5 (pureza menor de 90%). Já no Canadá, um quilo do mesmo produto custa cerca de US$ 15, dando sinais de inversão de competitividade em favor da China quando se trata de proteína vegetal.

Um dos problemas é que esse mercado de proteína vegetal é altamente incerto do ponto de vista de padronização. Falta ainda uma definição clara do que vem a ser “carne de planta” e diretrizes para rótulos e publicidade. No entanto, olhando para a quantidade de capital de risco ingressando nesse setor (US$ 3,1 bilhões, ou R$ 15,8 bilhões, só em 2020) é de se esperar um crescimento contínuo. O Brasil tem de ficar de olho.

P.S. Agradeço aos alunos do Schwarzman College, Muhammad Sidiqui, Petrie, Chatha, Han e Hu pela excelente pesquisa.

Já era Jogar peteca em quadra

Já é A febre do Beach Tennis, que vem tirando espaço de outros esportes

Já vem Discreto crescimento do pádel (mistura de tênis com squash)

{{ pessoas.pessoaActive.title }}

×