Empresas chinesas de tecnologia crescem com novo coronavírus

Coluna semanal do Ronaldo Lemos publicada na Folha de São Paulo.

publicado em

9 de março de 2020

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Expectativa é que hábitos da quarentena, como compra online, permaneçam

Um dos efeitos colaterais inesperados do covid-19 é fortalecer ainda mais as empresas chinesas de internet. Apesar de a economia do país estar sofrendo um enorme impacto negativo por causa do vírus, os gigantes da rede no país estão consolidando e expandindo sua posição no mercado.

O símbolo dessa expansão é justamente a glorificação de um personagem inesperado: os entregadores de aplicativo. Em várias cidades da China hoje, como WuHan e Pequim, é possível ver ruas desertas por causa do autoisolamento.

No entanto, grupos de entregadores cruzam essas mesmas ruas freneticamente, levando todos os produtos que as pessoas precisam para sobreviver em casa. Há até hashtags homenageando o heroísmo dos entregadores, que passaram a ser peça essencial em um cenário de quarentena generalizada.

Esse movimento pode fazer com que as vendas do varejo por meio de comércio eletrônico superem pela primeira vez as vendas físicas já em 2021, como apontou a consultoria Zero One e o jornalista Vincent Fernando.

Por exemplo, nas últimas semanas o gigante chinês JD.com apontou que as vendas de produtos frescos online aumentaram 215% e as vendas especificamente de vegetais frescos pela internet saltaram 450%. Vale lembrar que hoje a China tem o maior percentual de vendas online do planeta, correspondendo a 35% de todas as compras do país.

Esse número já havia sido impulsionado pela epidemia de Sars no passado. Com o covid-19 é esperado que boa parte dos consumidores que passarem a comprar online continuem com o hábito após o fim da epidemia. Vale notar que esse mesmo fenômeno pode acontecer no Brasil ou em qualquer país que tenha um aumento de casos de isolamento preventivo nos próximos dias.

Outro boom que começa a ser notado é em serviços de telemedicina, que fornecem atendimento médico por meio de chamadas de vídeo e outras modalidades. Empresas como WeDoctor, Alibaba Health e Ping An Good Doctor oferecem serviços dessa natureza. Algumas têm inclusive permitido acesso gratuito a suas plataformas. De novo, é uma boa chance de fidelizar novos usuários nessa nova modalidade de atendimento.

Outra área que se beneficia diretamente é a de videoconferência. Plataformas de comunicação corporativa como DingTalk, que permite até 16 pessoas falarem simultaneamente, tiveram uma explosão nas últimas semanas atingindo 200 milhões de usuários, como aponta o China Internet Watch.

Já o WeChat Work, que permite até 300 pessoas simultâneas na mesma conexão, acabou de atingir 1 milhão de empresas ativas por dia. Isso beneficia também plataformas como o Xoom, que apesar de ser uma empresa americana, foi cofundado por um empreendedor nascido na China.

E, é claro, outra área que está crescendo rapidamente nos últimos dias é a de games e serviços de streaming de conteúdo. Na medida em que as pessoas se isolam, buscar entretenimento passou a ser uma questão de saúde mental.

O próprio jornal The New York Times fez um artigo recente mostrando o quanto é difícil se manter em quarentena de 14 dias física e mentalmente. Enquanto a epidemia viral e informacional não passa, esses talvez sejam alguns dos pouquíssimos players que tenham a ganhar algo com o covid-19.

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