Jovens querem mudar o mundo e começam novos tipos de mobilização

Leia a coluna da semana de Ronaldo Lemos para Folha de S. Paulo

publicado em

30 de novembro de 2021

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Se as gerações que estão no poder falham, é hora de buscar outras lideranças

Há um novo tipo de mobilização de impacto no mundo em que estamos vivendo. Os protagonistas são crianças e adolescentes que resolveram assumir causas locais ou globais em nome próprio. Em outras palavras, é o surgimento das crianças ativistas, que são talvez a principal novidade no cenário político global.

Os nomes mais conhecidos são a ambientalista sueca Greta Thunberg e a paquistanesa Malala Yousafzai. No entanto, a fama planetária de ambas é só a ponta de um fenômeno mais profundo. Há ativistas mirins para todos os gostos. Por exemplo, o sírio Mohamad Al Jounde fundou, aos 16 anos, uma escola para refugiados no Líbano e recebeu o prêmio internacional da paz por parte da fundação KidsRights.

Ou ainda a trajetória impressionante do indiano Haaziq Kazi, hoje com 15 anos. Aos 9, ele projetou um protótipo para remoção de plástico dos oceanos. Aos 12, criou a Fundação Ervis, que mobiliza ações no mundo todo em defesa dos oceanos, incluindo a formação de outras crianças interessadas na causa. Sua fundação oferece workshops para escolas ao redor do mundo. Além disso, está desenvolvendo um modelo de navio para coletar plástico, chamado também de Ervis.

Nos EUA, desponta a ativista Thandiwe Abdullah, que, antes de completar 17 anos, já tinha uma lista de ações notórias, como a criação da Vanguarda Jovem dentro do movimento Black Lives Matter. Em 2018, ela discursou para 500 mil pessoas em Los Angeles e apareceu na revista Time na lista de influenciadores.

Também nos EUA, Sidney Keys, de 13 anos, fundou a iniciativa BooksnBros, voltada a promover a leitura entre jovens, especialmente de literatura afro-americana. Ele gosta de se definir como um “jovem CEO” e mobiliza escolas de todo o país para participarem da iniciativa.

O Brasil não fica de fora dessa onda. Na COP26, brilhou a jovem Txai Suruí, que realizou um dos mais lembrados discursos da conferência. Da etnia paiter-suruí, ela criou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, já com quase 2.000 filiados. Além disso, foi a primeira integrante do seu povo a cursar faculdade de direito.

O jornal The Washington Post destacou também no ano passado o brasileiro de 11 anos Kauã Rodolfo, que se tornou embaixador da iniciativa Plant for the Planet, voltada ao plantio de árvores. Curiosamente, a iniciativa foi criada pelo jovem alemão Felix Finkbeier e seus colegas de classe quando ele tinha 9 anos (hoje, ele tem 24).

Essa mobilização de pessoas tão jovens tem várias razões. Uma delas é o contexto das mídias sociais, que permite mobilização global com poucos recursos. Outra é o mal-estar com o estado do planeta entre jovens. Hoje, 8% dos adolescentes europeus entre 12 e 18 anos sofrem de depressão, de acordo com a autoridade de saúde europeia, e 25% desenvolvem algum problema de saúde mental anualmente.

Pesquisa publicada na revista The Lancet também mostrou que, para 75% dos jovens entre 16 e 25, a perspectiva do futuro é “assustadora”.

Mais do que isso, há uma falha geracional: se as gerações que estão no poder falham, é hora de buscar novas lideranças.

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