Mídias digitais estão em momento de mudança

Leia a coluna da semana de Ronaldo Lemos para a Folha de S. Paulo

publicado em

22 de fevereiro de 2022

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Quem estava confortável com YouTube e Instagram está tendo de reaprender muito

É sempre bom lembrar a utilidade da famosa frase de Marshall McLuhan de que “o meio é a mensagem”. Com ela, o principal teórico das mídias de todos os tempos ressalta o fato de que qualquer mudança nos meios de comunicação leva a alterações profundas na forma como a sociedade se organiza e até mesmo nos modos de comportamento individual.

Pois bem, estamos de novo em temporada de transformação. Há uma nova geração de plataformas que vinha emergindo progressivamente e agora atinge força crítica como meio de comunicação de massa. Dentre elas, vale citar o TikTok, o Discord, o Twitch e o Telegram.

A ascensão dessas plataformas está mudando o jogo com relação à forma como a comunicação digital acontece. A geração anterior de plataformas (YouTube, Facebook e Instagram etc.) foi responsável por reconfigurar o papel da mídia tradicional (TV, jornais, revistas etc.).

Por elas surgiu um novo tipo de celebridade, que se aproveitava dos novos meios para se projetar de forma independente dos canais editoriais existentes. Nesse movimento surgiram muitos personagens novos, que vão da blogueira de moda ao político de internet.

Estamos agora presenciando o momento em que a chegada de plataformas novas está suplantando as “velhas”.

Quem já estava confortável com o jeito de se comunicar no YouTube, no Facebook, no Instagram, plataformas com mais de dez anos de existência, está tendo de reaprender muita coisa.

O TikTok, por exemplo, cresceu a partir de ao menos dois elementos novos. O fato de utilizar uma inteligência artificial como elemento central da plataforma, capaz de identificar preferências conscientes e inconscientes dos usuários.

E a criação de uma nova linguagem, consistente nos chamados “vídeos curtos”, que exigem um jeito novo de trocar informação que é desconfortável para muita gente com mais de 30 anos (e para quem se acostumou demais com o ecossistema de mídias atual).

Já o Discord e o Twitch cresceram a partir da centralidade dos games para a cultura contemporânea global. O Discord é uma plataforma que permite comunicação por texto e voz que foi inicialmente adotada

por jogadores que buscavam se comunicar enquanto jogavam coletivamente.

No entanto, progressivamente foi saindo desse nicho e hoje é o epicentro de vários movimentos de inovação e comunicação mais amplos. Poucas plataformas têm a capacidade de organizar comunidades de interesse como o Discord.

Já o Twitch, hoje pertencente à Amazon, apostou originalmente na transmissão ao vivo de partidas de videogame.

Conseguiu também extrapolar esse nicho e virar fenômeno popular. No Brasil, o influenciador Casimiro (“Casimito”) rompeu todas as barreiras ao se tornar uma celebridade nacional projetando para todo o país a sempre interessante cultura da zona norte do Rio de Janeiro.

O Telegram, por sua vez, tem obtido sucesso crescente ao fundir a capacidade de comunicação do WhatsApp com a capacidade de formação de comunidades de interesse do Discord. Uma pena que, com tanto sucesso, a plataforma insista em ignorar a lei dos países em que opera.

De todo modo, essas transformações nas mídias já começam a produzir efeitos com repercussão em todos os campos sociais: na educação, na ciência, na cultura e, de forma imprevisível, também na política.

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