Tendências para 2022

Coluna semanal de Ronaldo Lemos publicada na Folha de S.Paulo

publicado em

4 de janeiro de 2022

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Metaverso não vai se concretizar neste ano, e ainda vai faltar chip

É até difícil escolher quais das inúmeras tendências tecnológicas serão importantes em 2022. Então talvez seja melhor começar apontando aquela que não será importante para o ano que chega: o metaverso.

Muito tem sido dito sobre o assunto, e várias apostas estão sendo contratadas. No entanto, 2022 não será o ano em que o metaverso irá se concretizar. Uma tecnologia realmente imersiva ainda pode levar cinco ou mais anos para ser desenvolvida, se é que será.

A única exceção é se você é criança. Nesse caso, há uma enorme probabilidade de que você já viva em algum tipo de metaverso. Crianças contemporâneas (ao menos as que estão conectadas e têm acesso a dispositivos digitais) já estão imersas em plataformas digitais como Roblox e outras que competem com a própria realidade. Para essas crianças, a distinção entre virtual e real é tênue, e a própria palavra “metaverso” —enquanto algo que está “além”— não faz sentido. É algo que está presente, aqui e agora, nas suas vidas.

Já com relação às tendências que devem ser importantes nos próximos 12 meses, certamente o universo de criptomoedas, blockchains e DeFi (finanças descentralizadas) dará muito o que falar. Seja pelos aspectos positivos, seja pelos negativos.

Os pessimistas acreditam que 2022 será o ano do crash dos preços das criptomoedas. Os otimistas acreditam que já tenhamos ultrapassado o ponto de não retorno e que o mundo cripto irá se integrar cada vez mais ao sistema financeiro tradicional, inclusive com pretensão de substituí-lo em diversas funções.

Outra tendência presente em 2022 é a escassez de microchips, que deve continuar. A produção de microprocessadores tornou-se um setor crítico, relevante inclusive do ponto de vista geopolítico e para questões de segurança nacional. É uma pena que o Brasil esteja se distanciando desse mercado e da possibilidade de participar do desenvolvimento desse tipo de tecnologia localmente.

Falando do Brasil, há muitos temas quentes no horizonte. A começar pelo 5G, que agora entra em outra fase: o desafio da implementação. O país optou por criar uma rede de 5G “puro-sangue”, que, se realmente instalada, pode servir de infraestrutura para vários saltos de eficiência.

A questão é que o país demorou demais para começar a lançar o 5G. Resta saber se esse atraso não comprometerá os benefícios possíveis se a tecnologia tivesse chegado mais cedo.

Outro tema relevante para o país é o efervescente mercado de empresas startups locais, que vem impulsionando processos de inovação no país movidos a capital de risco. A alta dos juros pode esfriar esse ecossistema, que teve um ano promissor em 2022.

Do ponto de vista legislativo, há diversos temas em discussão. O projeto de lei das fake news deve continuar sua tramitação no Congresso, assim como o projeto de lei para regulamentar inteligência artificial.

O que não se encontra em lugar nenhum é um plano sobre aonde queremos chegar no universo da tecnologia. O que o país quer fazer? O que quer priorizar e em quais mercados e setores deseja competir? Sem ter isso claro, enquanto país não se chega a lugar nenhum. Um bom ano para todos nós.

READER

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