O YouTube está virando a nova televisão

Coluna de Ronaldo Lemos na Folha de S.Paulo.

publicado em

21 de outubro de 2025

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Mais gente assiste à plataforma no aparelho hoje nos EUA do que assiste a canais abertos

YouTube está virando a nova TV. Em fevereiro de 2025 a plataforma comemorou dois anos como o streaming mais visto nos EUA. No mesmo mês conseguiu um feito notável: tornou-se o maior provedor de conteúdo audiovisual, mesmo comparado com a televisão, o cabo e o streaming.

E mais importante: o lugar onde o YouTube é mais acessado hoje não é mais o celular nem o computador. É o aparelho de TV. Mais gente assiste ao YouTube na televisão hoje nos EUA do que assiste a canais abertos.

Essa mudança traz consigo um abalo sísmico na publicidade. Anunciar na TV virou anunciar no YouTube nos EUA. Marcas estão gastando a maior parte do seu orçamento para o YouTube em anúncios veiculados quando o usuário está assistindo a vídeos na TV.

Inclusive, o YouTube criou “breaks” especiais quando é visto pela televisão. Isso inclui anúncios quando conteúdo é pausado (“pause-vertising”) e também publicidades mais longas que não permitem pular nem avançar.

Uma das razões desse sucesso na TV é o conteúdo (já vou falar sobre isso). Mas a razão principal é uma estratégia muito bem desenhada de realizar acordos com fabricantes de TVs para incluir o aplicativo do YouTube diretamente nos aparelhos de todo o planeta. É como se o YouTube viesse “de fábrica”.

O sucesso dessa ação foi tão grande que agora há uma disputa para povoar as TVs com outros aplicativos “de fábrica”. O aparelho que antes era usado só para canais de TV e de cabo agora virou um território de disputa.

Por exemplo, a Meta está trabalhando para colocar o Instagram nos aparelhos, com conteúdo do Reels. O TikTok está fazendo o mesmo, para que seus vídeos curtos sejam assistidos também nas salas de TV.

Com relação ao conteúdo, o YouTube construiu um império silencioso nos últimos anos. A plataforma tem hits globais como o MrBeast ou o IShowSpeed, dentre outros. E tem também hits locais muito bem articulados, como a CazéTV, com audiência de milhões de pessoas.

Esse alcance todo só é possível por causa da infraestrutura fornecida pelo Google: servidores, redes de distribuição de conteúdo em todo o Brasil, plataforma de monetização e de anúncios digitais, recomendação pelo algoritmo, e assim por diante.

Essas mudanças foram capturadas no Brasil pela última Pnad. O percentual de pessoas que “acessaram a internet” por meio do aparelho de TV subiu de 11,3% em 2016, para 53,5% em 2024. Por “acessar a internet” entenda-se justamente assistir a serviços de streaming, incluindo o YouTube, pela TV. Já o acesso à rede pelo computador caiu de 63,2% para 33,4% no mesmo período.

Nas palavras do CEO da empresa, Neal Mohan: “Em apenas duas décadas o YouTube mudou totalmente a forma como assistimos e criamos entretenimento. Tornou-se o epicentro da cultura. E a carreira dos sonhos para milhões de pessoas no mundo todo”.

Milhões é pura modéstia. Só nos EUA, 54% das pessoas entre 18 e 60 anos afirmam que largariam seus empregos se pudessem viver como criadores de conteúdo em tempo integral. Não me surpreenderia com números similares no Brasil.

Já era – Comércio só físico

Já é – Ecommerce

Já vem – A-Commerce (Agentic Commerce, comércio por meio de agentes de IA)

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