A resposta para o financiamento das fake news

Artigo de Fernando Morgado

publicado em

16 de setembro de 2020

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Engana-se quem pensa que o Sleeping Giants será capaz de levar Google, Facebook e companhia bela à falência. Isto, aliás, não resolveria problema algum. Pelo contrário, criaria outros. Até o presente momento, a maior contribuição dada por esse grupo de ativistas tem sido educativa, algo muito mais definitivo do que qualquer eventual prejuízo financeiro que viesse a ser registrado pelas corporações do Vale do Silício.

Redes sociais são veículos de comunicação como outros quaisquer, pois vivem da curadoria de conteúdo remunerada pela venda de espaço para anunciantes. Entretanto, os patrocinadores sempre demonstraram mais condescendência com a Internet do que com as demais mídias quanto ao nível dos conteúdos que bancam. Inebriados com os números que brotam a todo instante nos Analytics da vida, fechavam os olhos para muito daquilo que gerava tais números: ameaças, mentiras, ofensas etc.

É certo que outras mídias também já se valeram de produções controvertidas. Contudo, a história comprova que tais conteúdos, apesar de registrarem grandes audiências, não duram muito tempo. Isso se dá por duas razões: (1) o público cansa; (2) o mercado publicitário não os remunera à altura dos índices que um dia alcançaram. Ratinho, por exemplo, que ficou famoso por apresentar casos escabrosos em pleno horário nobre, transformou seu programa em um misto de humor circense e música após perceber que a baixaria, por mais audiência que registrasse, lhe fazia perder dinheiro.

O mesmo mecanismo que transforma o ato de anunciar na Internet em um verdadeiro game também funciona como uma espécie de cortina de fumaça que, se não for dispersada, leva corporações donas de belíssimos manuais de compliance a serem financiadoras de desinformação.

O Sleeping Giants fez com que marcas olhassem para a incongruência entre seus discursos e suas práticas, chamando atenção para o papel que elas exercem como mantenedoras de uma complexa rede de destruição de reputações e democracias. Além disso, obrigou agências e anunciantes a usarem diversas ferramentas já disponíveis nas plataformas de mídia programática para selecionarem melhor os veículos onde exibirão suas mensagens.

A resposta para as fake news não está no cerceamento à liberdade de expressão ou na interrupção do desenvolvimento tecnológico. Está na conscientização e educação de todos os envolvidos no processo de comunicação através da Internet, a começar por quem paga por tudo isso.

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