SXSW, no Texas, terá recorde de brasileiros

Leia a coluna da semana de Ronaldo Lemos para Folha de S.Paulo.

publicado em

8 de março de 2023

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País mandará a maior delegação internacional para o festival, em Austin

A cidade de Austin, no Texas, começa a receber nesta semana uma verdadeira multidão para o festival SXSW (South by Southwest). Dentre os visitantes e palestrantes, muitos serão brasileiros. O país deve bater seu recorde de participação neste ano. Para ter ideia da influência do evento no setor criativo do nosso país, há agora até um patrocinador brasileiro, com direito a nome na primeira página e tudo.

O SXSW nasceu em 1986. Nessa época, Ronald Reagan era presidente dos EUA, e o Muro de Berlim estava de pé. Um grupo de amigos olhou para a cidade de Austin e decidiu que a cena cultural de lá não deixava a dever a nenhuma outra cidade global. Decidiram criar então o festival, na época focado em música. O componente de tecnologia, filme e design seria adicionado depois. A maluquice deu certo, e 700 gatos pingados apareceram na cidade para conferir shows como o da banda de psychobilly Reverend Horton Heat.

De lá para cá o festival explodiu, acontecendo todos os anos. Em 2018, foram 161 mil pessoas na cidade. O crescimento gerou conflitos com as comunidades locais, mas de modo geral o festival é bem recebido. Afinal, traz receitas na casa dos US$ 350 milhões para Austin a cada edição. Só a título de comparação, o Superbowl, quando foi realizado em Houston, gerou US$ 347 milhões.

O SXSW tornou-se o ponto de encontro da comunidade criativa global. Grandes lançamentos de tecnologia acontecem lá, bem como shows ou lançamento de filmes e séries. O evento acaba pautando várias conversas que vão se desdobrar ao longo do ano.

Muitos brasileiros vão palestrar no evento neste ano. Por exemplo, Andre Stein vai apresentar o projeto de carro voador brasileiro, desenvolvido por uma empresa criada pela Embraer. Anielle Franco e Edu Lyra vão falar de questões políticas e sociais. Nathalia Arcuri e Carla Tieppo falam de finanças e neurociência, respectivamente. Este colunista falará de liberdade de expressão na internet.

O lema da cidade é: “Mantenha Austin estranha”. O SXSW é uma das forças que fazem isso. Vale notar que a diretora de parcerias do festival é Tracy Mann, que é brasilianista. Tracy é nova-iorquina, mas morou na Bahia na década de 1970, fala português fluente e tem alma tropicalista. Não foi por acaso que o Brasil se tornou a maior delegação internacional do festival. É diretamente por causa do olhar e do trabalho atento dela.

Outro símbolo da boa estranheza de Austin é Nick Gray. Nick está lançando seu primeiro livro, chamado “Como Fazer Amigos”. Ele ocasionalmente é citado aqui na coluna como inspiração. Nick ficou milionário criando uma empresa de tecnologia para museus e desde então se mudou para Austin. Durante o SXSW ele vai buscar pessoas e influenciadores pessoalmente no aeroporto com seu carro elétrico Tesla e levá-las para o centro da cidade. Em troca, a pessoa tira uma selfie com o livro dele (que, aliás, merecia ser lançado logo no Brasil).

Quem quiser tentar pegar uma carona no seu carro pode mandar mensagem para ele no Twitter. Essa é a encarnação do espírito de Austin (e do SXSW).

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Já era Achar que festivais, para serem grandes, precisam ser só de música
Já é Festivais de música e tecnologia, como o SXSW
Já vem Esperança de que o Brasil crie uma versão local de um SXSW, de preferência em Minas Gerais

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