Direito Digital: A Transformação do Direito e da Sociedade

Artigo de Chiara de Teffé

categorias

{{ its_tabs[single_menu_active] }}

tema

Em um mundo cada vez mais conectado, o Direito Digital surge como um campo de estudo e de atuação profissional necessário, abrangendo temas como proteção de dados pessoais, inteligência artificial, regulação da rede, blockchain e crimes cibernéticos. Sendo uma das mais promissoras e demandadas áreas jurídicas, o Direito Digital dialoga com diferentes ramos do conhecimento e ambientes regulatórios. Além disso, promove o desenvolvimento de novas teorias e institutos nas mais diversas áreas do Direito, levando a tecnologia e as novas relações para os Direitos Civil, Empresarial, Penal, Tributário, Trabalhista e Constitucional, por exemplo.

Profissionais com especialização em Direito Digital são cada vez mais procurados por empresas, que buscam se adequar às novas regulamentações e mercados, pela Administração Pública, que vive um processo de digitalização e otimização de atividades, e por consumidores que demandam seus direitos no ambiente digital. Litígios e pareceres sobre o tema são constantemente solicitados por clientes e em ações judiciais, inclusive em tribunais superiores. Além de atuações em questões consultivas e contenciosas, com pessoas físicas e jurídicas, há também amplo espaço para o Direito Digital em aspectos criminais, tributários, contratuais e relacionados ao compliance.

A tendência de crescimento da área do Direito Digital continua e se fortalece em 2024. A digitalização dos negócios, a análise de dados e as aplicações cada vez mais complexas que utilizam inteligência artificial (recorda-se, aqui, a existência de projeto de lei para o tema no Brasil: PL n° 2.338/23) vêm acompanhadas de desafios relacionados à privacidade, proteção do consumidor, fraudes e crimes cibernéticos.

Já estão em curso mudanças significativas na cultura organizacional das instituições e o surgimento de novas posições como, por exemplo, “head de inovação”, “privacy counsel”, “encarregado de proteção de dados”, “engenheiro(a) jurídico(a)”, “arquiteto(a) jurídico(a)”, “advogado de relações institucionais/governamentais” e “coordenador/analista de proteção de dados”. Além disso, áreas como o Marketing Jurídico, Legal Design e Legal Operations passaram a ganhar mais relevância dentro das organizações e processos. 

A implementação de diversas tecnologias pelos setores econômicos e jurídicos impõe adaptações no próprio Direito e discussões regulatórias e éticas, havendo novos modelos de negócio e novas oportunidades profissionais. As soluções que despontam permitem criar ambientes mais eficientes, inovadores e colaborativos, havendo, por exemplo, a melhora da experiência dos clientes, a redução de trabalhos burocráticos, o desenvolvimento de análises em tempo real, a mensuração de decisões judiciais (por meio da jurimetria, por exemplo) e o gerenciamento de forma mais completa de contratos. Empregos, atividades, processos e relacionamentos hoje ocorrem nos mais diversos ambientes, realidades e cenários.

Essas tecnologias aplicadas a serviços jurídicos impactam diretamente no modo como os profissionais irão interagir com as inovações e se relacionar com seus clientes e parceiros. Em um mundo cada vez mais digitalizado, há uma valorização crescente de profissionais capacitados a lidar com ferramentas de análise de dados e de comunicação digital, bem como que apresentem pensamento crítico, adaptabilidade, flexibilidade e mentalidade empreendedora. Estar conectado e saber se posicionar acerca das atuais discussões jurídicas e políticas em Direito Digital, no Brasil e no mundo, também é fundamental.

Cabe ao profissional desta área refletir criticamente sobre o uso das tecnologias e seus impactos em questões sociais e raciais, buscando criar políticas antidiscriminatórias e soluções mais inclusivas e diversas, em diálogo com a agenda ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS 2030). Nesse sentido, temas como racismo algorítmico, tecnodiversidade, tecnologias sustentáveis e educação digital necessitam ser tratados de forma cada vez mais profunda por profissionais e instituições.

Para tanto, cursar uma sólida especialização mostra-se essencial, devendo ela contemplar aspectos tanto práticos quanto teóricos em matérias como: inteligência artificial, proteção e segurança de dados, blockchain, responsabilidade civil das plataformas, propriedade intelectual, contratos eletrônicos e liberdade de expressão na rede. Uma capacitação contínua e a partir de múltiplos olhares traz mais diversidade e soluções inovadoras para o futuro do Direito na sociedade digital.

Neste contexto dinâmico, os profissionais do Direito Digital tornaram-se essenciais na construção de um futuro em que a regulação e a tecnologia coexistam de forma equilibrada, impulsionando a sociedade em direção a um desenvolvimento mais inclusivo, justo e sustentável. 

Deseja aprofundar seus conhecimentos em Direito Digital? Estão abertas as inscrições para a 6ª turma da Pós-Graduação Online em Direito Digital, uma iniciativa entre o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino do Direito (CEPED). Projetada para preparar profissionais para os desafios específicos que surgem da interseção entre direito e tecnologia.