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O anúncio da aposta da Meta (antigo Facebook) no metaverso trouxe muitas expectativas para o futuro da Internet como a conhecemos. Ainda que a própria empresa tenha reconhecido que partes do metaverso já estejam disponíveis ao público, a promessa é de que o foco na tecnologia (fortemente representado pela própria mudança no nome) buscará apresentar uma experiência ainda mais imersiva do que as que já existem no mercado. Nem tudo que está sendo apresentado nesse momento inicial é absolutamente inédito. O direcionamento de uma big tech para essa área, contudo, convida-nos a compreender melhor os desdobramentos da ampliação do uso dessa tecnologia, em especial, no que tange aos efeitos sobre grupos minoritários. Estudos têm apontado a existência de vieses em diferentes tecnologias e demonstrado a necessidade de um esforço consciente para que elas não assumam apenas uma nova e mais sofisticada forma de reproduzir preconceitos.

Dentre eles está o racismo, que, inclusive, já possui casos reportados nesse novo ambiente.  Em sua tese de doutorado de 2018, Luiz Valério Trindade concluiu que as mulheres negras de classe média eram 81% das vítimas de racismo no Facebook no Brasil, a partir de sua amostra. Os usuários identificados pelo autor como responsáveis por disseminar esse discurso de ódio eram majoritariamente homens (65,6%) e jovens. Por outro lado, dentre os principais contextos que desencadearam as publicações racistas, Trindade identificou, por exemplo, a discordância com alguma postagem anterior depreciativa de pessoas negras, valorização do cabelo afro natural ou do relacionamento inter-racial. Em outras palavras, o preconceito de raça no espaço virtual já é uma problemática evidente no país e tende a se manifestar em diferentes tecnologias, que não podem ser consideradas neutras. Ainda que o objetivo de seus designs e desenvolvimentos possa não ser a reprodução de desigualdades, é importante destacar as consequências práticas das suas aplicações e, em especial, a forma com que elas recaem sobre os diferentes grupos sociais. 

Assim, sem qualquer pretensão de esgotar o tema ou de trazer soluções prontas, o presente relatório busca apresentar alguns apontamentos iniciais sobre quais desafios já têm surgido dentro do contexto de raça e metaverso e que estão demandando atenção de empresas que pretendem investir nessa tecnologia. Da mesma forma, são levantados aspectos a serem melhor explorados, a fim de tornar esse ambiente propício à interação entre os usuários, bem como considerações acerca de perspectivas regulatórias.

 

ACESSE O RELATÓRIO

Autora: Fernanda dos Santos Rodrigues Silva

Revisão: Nina Desgranges e Jota Archegas

Coordenação: Christian Perrone

Design: Stephanie Lima